A ideia do professor de direito da Universidade de Ingolstad, na Alemanha, era fundar uma sociedade secreta composta por membros da elite com o objetivo de discutir e promover os dogmas do Iluminismo, corrente de pensamento pautada pela razão. Weishaupt esperava que, por meio de encontros, os membros dos Illuminati pudessem dialogar e se juntar a ponto de se tornarem influentes em decisões políticas do país.
Essa formação original durou nove anos e teve poucos membros. Em seus momentos de ápice, os Illuminati chegaram a ter no máximo 2500 pessoas, mais uma das muitas evidências que mostram que a lenda sobre a organização faz ela parecer muito maior do que foi de fato.
É sobre essa lenda que vamos falar hoje. Duzentos e quarenta anos se passaram desde a criação do grupo e ainda assim, os Illuminati continuam despertando a curiosidade do público e instigando a criação de diversos tipos de teoria da conspiração. A seguir, separamos alguns fatos que podem ajudar a explicar o motivo de tanto alvoroço – ou te deixar ainda mais curioso sobre a sociedade secreta:
1. Eles possuíam rituais bem curiosos
Os Illuminati tinham uma hierarquia estruturada. Os iniciantes eram chamados de noviços, em seguida, passavam a ser "minervos" e, depois, chegavam ao status de "minervos iluminados". Chris Hodapp, coautor do livro Conspiracy Theories and Secret Societies for Dummies, afirmou em entrevista ao Vox que por muito tempo o grupo não aceitava membros com mais de 30 anos por acreditar que eles tinham crenças velhas demais.
O grupo possuía ainda uma série de símbolos, sendo os mais conhecidos deles o triângulo e a coruja. Além disso, há alguns relatos que mostram que os membros da ordem eram um tanto quanto paranóicos e usavam protocolos parecidos com os utilizados por espiões para não terem suas identidades reveladas a pessoas de fora da sociedade secreta.
2. Como o mito se espalhou?
Como foi explicado acima, existiram relativamente poucos membros do Illuminati para que eles de fato se tornassem influentes ao redor do mundo. Mas quando o grupo foi extinto em 1785, com o decreto de Karl Theodor, duque da Bavária, que proibia a existência de sociedades secretas, várias teorias conspiratórias começaram a surgir. Foi a partir delas que a "lenda" se manteve viva ao longo de todos esses anos.
3. As teorias da conspiração
Existem teorias sobre a participação dos Illuminati em tudo quanto é tipo de grande evento político ou cultural – dos atentados de 11 setembro até a morte de Michael Jackson.
A primeira hipótese de que se tem notícia surgiu poucos anos após o fim da formação original da sociedade secreta. Em 1797, o físico John Robison acusou o grupo de terem se infiltrado na maçonaria, enquanto Abbe Augustin Barruel formulou uma teoria na qual afirmava que os jacobinos promoveram sociedades secretas, sendo uma delas os Illuminati. Com isso, o grupo teria sido responsável pela Revolução Francesa.
Em entrevista à BBC, Jesse Walker, autor do livro The United States of Paranoia, explicou o fascínio da sociedade com teorias da conspiração. "Elas são parte intrínsenca da psique humana. Somos criaturas que buscam padrões para dar um sentido ao mundo que nos cerca. Se há lacunas em uma história, temos que buscar explicações", afirmou.
A ciência também já testou a influência das teorias conspiratórias no comportamento das pessoas. Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, sugere que quem acredita nelas é menos inclinado a ser um bom cidadão.
Para chegar nessa conclusão, os pesquisadores realizaram um experimento no qual metade dos voluntários assistiam a trechos de um filme que afirmava que as preocupações em torno do aquecimento global faziam parte de uma conspiração. Curiosamente, no questionário entregue pelos cientistas em seguida, justamente esses participantes demonstraram não se envolverem muito com suas respectivas comunidades.
Preencher a lacuna com os Illuminati, como define Walker, pode ser uma posição um tanto confortável.
4. Illuminati na cultura pop
Vira e mexe os Illuminati são relembrados, principalmente pelo suposto envolvimento de celebridades na sociedade secreta. Isso não se restringe somente à figuras antigas, como Thomas Jefferson, mas artistas contemporâneos, como Beyoncé, Lady Gaga e até mesmo o papa Francisco.
Para Mark Fenster, professor da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, um dos motivos dessa relação feita estabelecida entre celebridades e os Illuminati é que colocá-los no grupo é como colocá-los em um pedestal. "É como se Jay-Z e Beyoncé vivessem em um universo diferente do nosso", explica. "Eles possuem vidas secretas e acessos secretos. Percebemos o quão bizarras são suas vidas e a quantidade de poder que possuem."
E se bateu uma curiosidade, segue uma lista de algumas pessoas famosas que supostamente seriam parte dos Illuminati: Barack Obama, Kanye West, Rihanna, Jim Carrey, Miley Cyrus, Justin Timberlake e Madonna.
Por Isabela Moreira (20 JAN 2016 - 18H28)
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